quinta-feira, 19 de junho de 2008

Crianças brincando com videogame



Grupo: Adelina, Gislene, Helena e Ronaldo.

Games violentos não fazem mal
Por Haim Grunspun
É difícil encontrar um adolescente ou um adulto jovem que não tenha tido contato com os videogames. Desde meados dos anos 80, quando os jogos eletrônicos começaram a se popularizar no Brasil (lembram o Atari e o Odissey?), a nova mania teve rápida difusão – assim como foi com a televisão e está sendo com a internet. É curioso constatar que mesmo a internet, criada para fins científicos e militares, hoje é mais usada para o lazer: incluindo aí o acesso a mais games.
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Enquanto os jogos eletrônicos são uma diversão fácil e prazerosa para as crianças – que não precisam de nenhum curso para se tornarem experts no assunto –, os adultos têm mais dificuldade para jogar. E, por isso, os encaram como algo desconhecido e ameaçador. Desconfio que essa é a origem das acusações do tipo: "as crianças passam tempo demais diante do videogame"; "os jogos são alienantes"; "prejudicam o desenvolvimento infantil"; e, o mais recorrente: "a violência desses jogos pode desencadear uma onda de agressividade em nossa sociedade".
Tenho 73 anos, sou avô de cinco netos e acompanho a evolução do videogame desde os seus primórdios. Nunca soube de nenhuma epidemia de violência que pudesse ser atribuída a esse tipo de diversão. Nem de abuso de drogas e álcool decorrentes desses jogos. E não adianta citar aqueles casos de um jovem que estourou os miolos de seus colegas de escola dizendo que foi influenciado por um jogo sanguinolento. Sou psiquiatra, advogado e sei o que é um distúrbio mental, assim como sei que, depois de um surto de psicose acompanhado de violência, até o Tom & Jerry pode ser culpado. Afinal, eles também tinham sua dose de perversão. É só lembrar as cenas cruéis em que o Jerry coloca fogo no rabo do Tom ou em que esfola a sua pele. E tudo era motivo de gargalhadas.
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Como psiquiatra pude comprovar a falsidade dos males provocados pelos videogames depois de fazer algumas pesquisas. Os dados mostraram que esses jogos, na verdade, ajudavam no desenvolvimento da personalidade das crianças, principalmente entre os meninos (80% dos aficionados pelos jogos são homens).
Constatei que a maioria dos adultos que jogaram videogame na infância e na adolescência fizeram cursos em áreas de exatas, administração e comunicação. E quase todos concordaram que o videogame aumentou suas habilidades em estratégia e lógica.
Não concordaram que a violência dos jogos os tenha contaminado. Quando perguntamos o que significava para eles cortar a cabeça ou arrancar o coração de um inimigo nos jogos, a resposta foi a mesma: apenas um meio para chegar à próxima fase do seu jogo predileto.
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Em vez de procurar um bode expiatório para o mau comportamento dos seus filhos, os pais deviam estar mais preocupados em melhorar o relacionamento com eles, demonstrando afeto e procurando conhecê-los melhor. Sentar com eles para uma partida de videogame talvez seja um bom início de conversa...

Haim Grunspun - Psiquiatra, psicólogo clínico, bacharel em direito e professor da PUC-SP.

Revista Superinteressante- http://super.abril.com.br/superarquivo/2001/conteudo_170839.shtml
acesso em 22/06/2008

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